Continuando o relato sobre nossa road trip pelo leste europeu, chegou a hora de falar sobre a Cracóvia. Mas antes vou falar sobre o caminho entre Viena e Cracóvia. No último post sobre a road trip, contei que resolvemos não parar na Bratislava e seguir direto para Cracóvia e foi o que fizemos. Passamos pela Bratislava e deu pra perceber que é uma cidade bem desenvolvida. Fiquei até com uma certa invejinha porque lá tem uma IKEA enorme e em Kiev não tem. Mas tudo bem, engole o choro e segue em frente. Marido pesquisou antes de viajarmos e descobriu que tem uma estrada mais bonita do que a sugerida pelo Google Maps e não desviaria muito do nosso caminho, então seguimos por ela. Vimos vários castelos e paisagens bucólicas com vaquinhas pastando e casinhas fofas no território da Eslováquia e bateu uma curiosidade de explorar mais aquela região em outra oportunidade.
Cracóvia nos recebeu com um belo engarrafamento faltando apenas 16km para chegarmos ao apartamento onde ficaríamos hospedados. Isso fez com que deixássemos a dona do apartamento esperando por uma hora. Não tinha wifi nem rede disponível para ligar ou mandar mensagem pra moça e chegamos até a pedir o celular de um rapaz de outro carro para avisá-la que não chegaríamos no horário combinado. Apesar dele ter sido um fofo emprestando o celular, ela não recebeu a mensagem e estava #chateada quando finalmente chegamos e conseguimos entrar em contato. Conseguimos conectar no wifi do MoaBurger e enquanto esperávamos a hora de encontrá-la no apartamento, aproveitamos para jantar. Estávamos famintos porque não havíamos parado para almoçar e ficamos só na base do lanchinho durante a viagem. O lugar estava bombando e o hambúrguer estava delicioso. Ainda bem que estávamos com bastante fome porque o lanche é bem servido (nem consegui comer tudo pra falar a verdade). Devidamente alimentados, seguimos para o apê para descansar e renovar as energias para o dia seguinte.
Ao contrário de Budapeste e Viena, a temperatura em Cracóvia estava entre 18 e 20 graus e acordamos com uma merecida chuvinha refrescante. Fomos tomar café da manhã num lugar muito interessante, uma mistura de balada e café. O FORUM Przestrzenie funciona na recepção de um hotel abandonado com vista para o rio Vistula e o Castelo de Wawel. À noite acontecem os eventos e de dia funciona o café/restaurante. O lugar é bem bonito, a comida é delícia e o wifi é liberado.
Como estava chovendo, resolvemos explorar as lojinhas que funcionam ali do lado. Há umas lojas de roupas de designers locais e uma loja de móveis e itens de decoração incrível onde passamos um bom tempo. A foto acima é dessa loja e eu poderia morar dentro dela de tão lindo que é tudo ali. Fiquei um tempão observando cada objeto, cada quadro, cada almofada e tentando escolher alguma coisa pra levar e não conseguia me decidir. Fiquei tanto tempo ali fotografando e fuçando tudo que ia me sentir mal de sair sem levar nada. Só que os preços eram um pouco salgados e eu não podia levar nada muito grande porque o espaço do carro é meio limitado. Como eu não conseguia me decidir, acabei levando uma vela (não me olhem assim). O nome da loja é FORUM Designu e eu encontrei esse vídeo aqui que talvez dê pra ter uma ideia de como ela é. Pelo visto rolam uns eventos por ali também.
A chuva parou e seguimos para a Fábrica do Oskar Schindler, um museu que conta a história da ocupação nazista na Polônia de 1939 a 1945. A fábrica funcionava exatamente nesse prédio onde hoje funciona o museu e o empresário alemão Oskar Schindler salvou cerca de 1200 judeus que trabalhavam ali. O premiado filme “A Lista de Schindler” conta a história desses trabalhadores judeus e, se você nunca assistiu, vale muito a pena. O filme foi gravado em Cracóvia em 1993 e a fábrica serviu de locação para algumas cenas. Quem assistiu vai reconhecer a segunda foto acima, pois uma das cenas foi gravada exatamente ali naquela escada. As salas do museu seguem uma sequência cronológica e mostra como era a vida antes e durante a ocupação nazista. O que mais me tocou foi a parte que retrata como era a vida no gueto, distrito que os nazistas estabeleceram para os judeus “viverem”. Eles ficavam confinados em um espaço limitadíssimo e o museu consegue passar exatamente essa sensação de confinamento.
Um dos sobreviventes do gueto é o diretor Roman Polanski e, apesar do filme “O Bebê de Rosemary” ser um dos meus preferidos, eu não sabia que ele tinha vivido ali. Ele sofreu na pele os malefícios da Segunda Guerra Mundial e sua mãe morreu em Auschwitz. A terceira foto acima é de uma parte do museu onde são apresentadas cartas de crianças que sobreviveram ao gueto e suas impressões sobre aquele período. Outra testemunha da ocupação nazista na Polônia foi o falecido Papa João Paulo II. Ele nasceu no sul do país, a 50km de Cracóvia. Se mudou com seu pai para Cracóvia em 1938 e foi estudar na Universidade Jaguelônica que foi fechada pelos nazistas em 1939. Em 1942, ele decidiu se dedicar ao sacerdócio e foi estudar em um seminário clandestino. De acordo com teorias raciais nazistas, os eslavos não precisavam de ensino superior e toda a nação deveria ser transformada em iletrados servos para a raça alemã, por isso havia esse sistema de cursos secretos organizados por professores e ativistas educacionais.
Altash drogash nessa cidade!
Saímos da Fábrica do Oskar Schindler às 16h (horário que fecha no verão) e eu simplesmente não percebi que tínhamos passado mais de duas horas ali dentro. Vale muito a pena visitar esse museu se você se interessa pela história da Segunda Guerra Mundial. De lá seguimos para o centro antigo e ficamos passeando e apreciando a beleza da cidade. Pra quem gosta de construções antigas com aquela cara de medieval, Cracóvia é um prato cheio. A segunda foto acima foi feita em frente ao Barbakan, uma fortificação construída em 1498.
No meio do passeio, bateu aquela fome e fomos buscar um restaurante. Meu único critério era que tivesse pierogi porque eu não poderia sair da Polônia sem provar a dita cuja e comparar com a vareniki para saber se é ou não o mesmo prato. E está comprovado, é o mesmo prato sim. Porém, essa que eu provei estava mais macia do que as que eu tinha provado aqui na Ucrânia até então. Sério, derretia na boca e fico aguada só de lembrar. Só que dia desses eu saboreei uma vareniki aqui em Kiev tão maravilhosa quanto essa pierogi que comi em Cracóvia, então a minha conclusão é que o sabor, a textura variam muito dependendo de quem preparou.
Para finalizar esse post (que já está enorme), nós demos mais uma voltinha pela cidade após nosso almoço/janta e fomos para um bar, já que uma cerveja depois da janta é muito bom pra ficar pensando melhor (Chico Science se revirou na tumba nesse momento). O bar escolhido para fechar a noite foi o Multi Qlti Bar que oferece, salvo engano, 20 torneiras de cervejas artesanais. Além disso, há a opção do copo de 150ml, então você pode provar vários tipos de cerveja sem ficar mutcho loki. A atmosfera é bem acolhedora e eu fiz a foto acima lá porque achei esse macaquinho muito simpático.
No próximo post conto o que mais fizemos em Cracóvia. A princípio, iríamos embora no dia seguinte e dormiríamos numa cidade da Ucrânia, mas achamos a Cracovinha tão fofa que resolvemos ficar mais um dia e fazer um batidão direto para Kiev, sem parar pra dormir. E ah, já ia esquecendo, a foto que abre o post é de uma escultura do pintor polonês Jan Matejko e eu achei muito sagaz e diferente essa representação dele com a moldura.
Meeeeeeeeeeeeu, muito muito legal! Nunca li relato de viagem sobre a Cracóvia e adorei! Eu adoro história e tenho muita vontade de ir pra Polônia pra conhecer Auschwitz e os museus todos… incrível. Triste, claro, mas é incrível poder estar em lugares assim, né? São experiências inesquecíveis.
E essa comidinha aí, pareceu bommm… ai, adoro comer! hahaha
A Polônia é riquíssima em história, então pode colocar na sua lista como um lugar que vale a visita. Eu voltarei com certeza, gostei demais da Cracóvia. E as comidas, huummm… Nossos estômagos se deram muito bem nessa viagem viu!
Que fotos maravilhosas!
Leste europeu tá na minha lista, com certeza! Ah, o mundo é tão grande e lindo, tem tanto lugar massa pra conhecer, queria passar a vida viajando! <3
Beijos
Obrigada, Lídia! Aproveita que Polônia, Hungria e Ucrânia ainda não aderiram ao Euro. São os lugares que eu posso garantir que vale a pena visitar no leste europeu. Claro que ainda vou conhecer vários outros, mas com esses já deu pra sentir um gostinho. Beijos.
Taí um lugar que nunca vi ninguém falando sobre também, adorei, Alê! O museu parece incrível. Nunca tive coragem de assistir ao filme, mas eventualmente preciso tomar coragem e ver. E puta merda os pierogiessssss, que vontade de comer.
Engraçado você e a Bárbara comentarem que nunca leram relatos sobre a Cracóvia, achei que ela era mais popular! E cara, assista o filme porque ele é uma obra-prima do Spielberg. Eu só assisti um pouco antes da viagem porque sempre fiquei adiando, mas acho que deixei pra assistir na hora certíssima porque eu estava muito mais preparada psicologicamente. E as pierogis… Apenas deliciosas!
Primeiro: nunca tinha pensado em conhecer a Cracovia, mas agora já quero (oh, god). Segundo: que fotos lindas, Ale!!!!!! To im love pela bicicleta cheia de flores, pela primeira foto da estrada, pela foto em p&b e enfim, sua trip foi cheia de registros lindos!
Olha Kah, devo confessar que Cracóvia me inspirou bastante viu. A cidade é muito fotogênica mesmo com tempo nublado. Obrigada pelos elogios e pelo comentário. Estou curiosa para ver os registros da SUA viagem!
encontraram até uma butterfly alí ~na foto da bicicleta
Sim, Bah. Nem sei o que essa butterfly estava fazendo ali, mas ela acabou contribuindo para o colorido da foto.
[…] é MUITO mais parecida com o polonês, reparem na imagem acima. Percebi isso claramente quando visitei Cracóvia no ano passado. Porém, acredito que eu terei menos dificuldade com a gramática russa porque me parece que a […]
[…] de Kiev. Essa foi a terceira cidade que conhecemos na Polônia (em 2015 visitamos Cracóvia – parte 1 e parte 2) e muita gente diz que Varsóvia é sem graça e tal. Não achei a cidade sem graça, […]
[…] para Lviv em dezembro, depois para Berlin em janeiro e, em agosto, conhecemos Budapeste, Viena e Cracóvia. Por fim, em setembro visitamos Roma pela segunda vez. Qual será o próximo destino? Não dá pra […]