Cultura

O que o heavy metal me ensinou sobre a Ucrânia?

November 12, 2015

Durante a minha adolescência, ouvi muito heavy metal, metal melódico, grunge, punk rock, indie rock, rock nacional, etc. E uma das bandas que eu ouvia muito era a britânica Iron Maiden. Daí estava eu lendo as postagens do Facebook quando me deparo com essa notícia compartilhada por um colega que estudou comigo no Ensino Médio. Como ninguém fez isso antes?! O Iron Maiden tem várias músicas sobre episódios históricos e nos dias de hoje é infinitamente mais fácil pesquisar sobre os fatos que serviram de inspiração para as letras dessas músicas. Terminei o Ensino Médio em 1998 (sim, sou velha) e a internet era bem diferente naquela época, minha gente (conexão discada, não existia You Tube, primórdios do mp3…). Então, vamos aproveitar o fácil acesso a informações para ampliar nossos conhecimentos de forma bem mais divertida.

A ideia para esse post surgiu porque uma das músicas do Iron Maiden, “The Trooper”, tem como fonte de inspiração a Batalha de Balaclava que aconteceu na Guerra da Crimeia. Vamos relevar o fato de que a Crimeia foi anexada pela Rússia recentemente e focar na História. A Guerra da Crimeia aconteceu no período de 1853 a 1856 e a Batalha de Balaclava foi travada entre o Império Russo e a coligação anglo-franco-otomana em outubro de 1854. Ou seja, nessa época, isso aqui tudo era Império Russo.

A letra de “The Trooper” narra a batalha sob o ponto de vista de um cavaleiro britânico, que, sem esperanças, avança contra as linhas russas. Sente o drama:

You’ll take my life but I’ll take yours too
You’ll fire your musket but I’ll run you through
So when you’re waiting for the next attack
You’d better stand there’s no turning back.

The Bugle sounds and the charge begins
But on this battlefield no one wins
The smell of acrid smoke and horses breath
As I plunge on into certain death.

The horse he sweats with fear we break to run
The mighty roar of the Russian guns
And as we race towards the human wall
The screams of pain as my comrades fall.

We hurdle bodies that lay on the ground
And the Russians fire another round
We get so near yet so far away
We won’t live to fight another day.

We get so close near enough to fight
When a Russian gets me in his sights
He pulls the trigger and I feel the blow
A burst of rounds take my horse below.

And as I lay there gazing at the sky
My body’s numb and my throat is dry
And as I lay forgotten and alone
Without a tear I draw my parting groan.

Agora clica no vídeo abaixo, gravado no Rock in Rio de 2001 e que virou disco e dvd. Na época, fiquei #xatiada porque queria muito ter ido nesse show, mas era estudante quebrada e paitrocínio também era algo totalmente fora de cogitação. Mas o mundo dá voltas e em 2011 (10 anos depois) o universo ouviu as minhas preces e a banda foi tocar EM BRASÍLIA. Será que eu fui? LÓGICO NEH!Hahahhahah Já nem ouvia mais as músicas naquela época, mas tirei as teias de aranhas dos cds e coloquei no som do carro pra dar aquela refrescada na memória e cantar junto no show. Mas claro que algo tinha que dar errado. Eu passei a vida indo a shows em Brasília e todos atrasavam. Logo, resolvi dar aquela enrolada básica pra não ficar esperando no estádio à toa. Só que eu não contava com a pontualidade britânica da banda e perdi boa parte do show… Quando cheguei, estavam tocando “Fear of the dark” e eu acho que ainda peguei umas 4 músicas. Mas tudo bem, valeu a pena mesmo assim.

Relatos pessoais à parte, voltemos à Guerra da Crimeia. Estou lendo a clássica obra de Tolstói, “Anna Karenina”. No início do livro, tem algumas informações sobre a vida do autor e não é que ele lutou na Guerra da Crimeia? Sua experiência na guerra foi relatada no livro “Contos de Sevastopol”. Esta experiência também serviu para torná-lo um pacifista e o inspirou a escrever “Guerra e Paz”. É a primeira vez que leio Tolstói e também é o meu primeiro contato com a literatura russa. Foi até bom eu nunca ter lido nada antes porque acho que, morando aqui, essas leituras vão acabar fazendo muito mais sentido. À medida que eu for lendo os autores ucranianos, venho aqui contar o que eu achei.

E vocês? Gostam de Iron Maiden? Me contem aí o que já aprenderam com música. Tomara que o professor que escreveu a dissertação sobre as músicas do Iron Maiden consiga lançar o livro porque eu lerei com certeza.

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  • Camila Faria December 7, 2015 at 3:32 pm

    Não sabia dessa relação com as letras do Iron Maiden e história ~ bem interessante isso! Eu sempre fui super fã dos autores russos e já li (quase) todos esses clássicos mais “universais” da literatura russa, maaaaas… sou super por fora da literatura ucraniana. Acho que o único autor que eu “conheço” assim de nome (por ser um nome super conhecido também) é o Vasily Grossman, mas infelizmente nunca li nada dele. Vou ficar de olho aqui no seu blog, caso você venha a falar sobre o tema no futuro, preciso de dicas. 😉

    • Alessandra Araújo December 8, 2015 at 2:44 pm

      Oi Camila! Vai ter post sobre literatura ucraniana sim, aguarde. E eu não conhecia o Vasily Grossman, obrigada pela dica. Já andei pesquisando e falarei sobre ele tb. 🙂

  • O primeiro livro russo a gente nunca esquece – Um Novo Destino April 12, 2016 at 5:42 pm

    […] um livro bem interessante e ele usou certos acontecimentos de sua vida em suas histórias. Comentei nesse post que ele lutou na Guerra da Crimeia e relatou essa experiência no livro “Contos de Sevastopol”. […]