Comentei nesse post que falaria mais sobre meu trabalho como fotógrafa na Ucrânia, mas a vida acabou acontecendo e eu nunca consegui tirar um tempo para escrever sobre esse assunto. Afinal, o dia tem 24 horas e empresa de uma pessoa só precisa se virar para fazer tudo acontecer, mas a conta obviamente não fecha. Antes tarde do que nunca, já diz o ditado. Na verdade, contei um pouquinho sobre meu primeiro freela na Ucrânia nesse post, porém não aprofundei muito sobre o grupo de expatriadas do qual eu fazia parte, o IWCK – International Women’s Club of Kyiv.
O IWCK é, ao mesmo tempo, um grupo de expatriadas e uma organização de caridade sem fins lucrativos fundada em 1992. Todas as sua atividades financeiras são direcionadas para a arrecadação de fundos para caridade. Há vários grupos de interesse que membros do IWCK podem participar e vários posts aqui do blog surgiram de atividades que participei nesses grupos de interesse. Me tornei membro do clube em 2016, depois de conhecer algumas das participantes em um passeio pela floresta. Graças às fotos que fiz para o blog naquele dia, a Valerie me convidou para ser a fotógrafa oficial do grupo, quando ela se tornou presidente no ano seguinte.
E foi assim que a fotografia se tornou meu trabalho da noite pro dia. Topei o convite morrendo de medo porque a primeira foto que tive que fazer foi uma foto de grupo, que eu detesto fazer: risos nervosos. Acordei cedo para ir participar da reunião geral que elegeu o comitê de organização do ano 2017/2018. Lembro de descer na estação de metrô Maidan Nezalezhnosti em um belíssimo dia ensolarado de maio (mês em que se comemora o dia nacional da vyshyvanka), e caminhar pela praça Maidan em direção ao hotel onde a reunião foi realizada. A decoração do hotel não era muito do meu agrado, com lustres enormes, dourados e papéis de parede em tons marrons ornamentados com arabescos.
Eu não uso flash e só ficava analisando onde eu ia fazer a foto daquele grupo de mulheres com aquela luz artificial horrorosa. Não tinha uma parede neutra naquele lugar e eu não conseguia parar de pensar no desastre que ia sair aquela foto. Fora que ninguém tem paciência neh? A fotógrafa que se vire pra fazer a foto boa, com todo mundo lindo, no foco e de olhos abertos em 5 minutos no máximo. A sorte é que eu avistei um lustre enorme em cima de uma mesa e confiei que ele ia iluminar o rosto de todas. Me posicionei atrás da mesa localizada logo abaixo do lustre, direcionei o grupo e mandei ver nos cliques. Assim saiu a primeira foto do novo comitê. Felizmente, elas gostaram e a foto foi publicada na newsletter e no site do IWCK.
Antes de ser eleita presidente, Valerie era a responsável pelo Baby Group, um dos maiores grupos de interesse do IWCK. Ali era formada a famosa rede de apoio, tão importante para as mães e, num país estrangeiro, esse apoio ganha uma importância ainda maior. Nesse grupo, mães de várias nacionalidades trocavam informações sobre médicos, babás, lojas, escolas e construíam uma comunidade. Foi com essas famílias que comecei a fazer meus primeiros trabalhos pagos e construir portfólio.
Em 2018, a Valerie foi reeleita presidente e me pediu para fazer os retratos do novo comitê para atualizar o site do grupo. Tive mais controle dessa vez e defini que as fotos seriam feitas na minha casa, onde eu poderia fotografar com luz natural e com um fundo neutro. Nem todas puderam fotografar no mesmo dia e rolou uma certa correria porque eu estava prestes a viajar para o Brasil, então foi um pouco complicado conciliar tudo e entregar todas as fotos editadas antes da minha viagem. Mas eu consegui e essa foi a minha última contribuição para o IWCK, já que comecei os preparativos para a mudança de país meses depois.
A fotografia era um hobby até 2017 e eu nem tinha visto de trabalho na Ucrânia, só de residência. Por isso, eu não ficava divulgando muito o que estava fazendo por lá. Porém, percebi que não falar sobre meu trabalho como fotógrafa me prejudica muito porque algumas pessoas acabam assumindo que eu não faço nada da vida. Não vivo da fotografia ainda, mas fico feliz por ter a oportunidade de conhecer pessoas de várias nacionalidades e contar algumas histórias por meio de imagens. Além disso, sou muito grata pela Valerie ter gostado e confiado em mim como fotógrafa. Espero que tenham gostado de conhecer um pouco desse trabalho que realizei em Kyiv.
8 Comments
Que legal Ale! Eu não sabia da extensão do seu trabalho lá, que bacana. E essas fotos na sua casa estão linda lindíssimas.. bobas elas se não usarem no currículo hahaha!
Pois é, sou muito ruim de divulgação… Estou tentando mudar isso, mas não é nada fácil. Elas não usaram no currículo, só no site mesmo na época hahhaha
Fotos incríveis! Adorei o seu trabalho!
Boa semana!
O JOVEM JORNALISTA está no ar com muitos posts interessantes. Não deixe de conferir!
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Até mais, Emerson Garcia
Obrigada, Emerson! Boa semana pra você também. 🙂
Que coisa linda Alê, adorei conhecer esse seu trabalho em Kyiv e o trabalho dessa organização ~ importante demais! E sim, tem que divulgar o seu trabalho SEMPRE, ainda mais um tão bacana. 🙂
Pois é, importante mesmo o trabalho delas porque morar no exterior não é fácil. Obrigada pelo apoio, Camila. Venho tentando me livrar do medo de botar a cara no sol. Beijos!
Eu odeio fotos com flash, acho que tira toda naturalidade. Que lindo seu trabalho, amo fotografia e é incrível fazer desta paixão um ato que pode ajudar pessoas.
Oi, Monique! Também acho que o flash tira a naturalidade. Obrigada pelo elogio e sim, é muito legal a possibilidade de contar histórias por meio da fotografia. Valeu por deixar um comentário! 🙂