No Brasil, 2+2=5?

A cabeça do brasileiro fica desse jeitinho quando o assunto é Guerra na Ucrânia e isso acontece desde 2014, quando me mudei pra lá. Essa foi uma das motivações para criar esse blog, já que eu via muita besteira sendo dita por aí. Falei sobre isso em um dos posts dos primórdios deste blog, no meu primeiro mês na Ucrânia e você pode ler clicando aqui. O pior, é que continuam falando e publicando besteira aos montes até hoje e eu posso provar.

A confusão é tanta que a DW Brasil e a BBC Brasil têm feito vídeos explicativos sobre as bobeiras que jornalistas, “especialistas”, influencers, políticos e afins saem publicando por aí. Clique no vídeo abaixo para ter uma pequena amostra do tamanho do caos.

Quando o documentário sobre a Euromaidan concorreu ao Oscar em 2016, escrevi este post com alguns esclarecimentos porque a Carol Moreira chama os protestos da Euromaidan de guerra. Em 2020, quando houveram manifestações no Brasil e apareceram bandeiras da Ucrânia do lado dos apoiadores do excrementíssimo, eu postei sobre o assunto e, em um dos vídeos que coloquei nesse post, tem um especialista que fala de “guerra da Crimeia”, sendo que a guerra era na região do Donbass.

Por conta da escalada da guerra nesse ano, os jornalistas foram atrás de pessoas para entrevistar e a minha amiga Manoela Matioli foi uma dessas pessoas. Ela foi comigo para Kyiv em 2014 e depois foi para o leste da Ucrânia. Tenho certeza que ela não falou besteira na entrevista. Mesmo assim, publicaram “guerra da Crimeia” e “conflito da Crimeia”, leia com seus próprios olhos. Ela me disse que pediu para corrigirem, mas foi ignorada.

Fiz a foto acima em 2015, quando Manu voltou para Kyiv. É uma foto de celular e a fotografia ainda era um hobby para mim naquela época, então nem vou encrencar muito pelo fato de não ter meu crédito na matéria. Já é a terceira vez que tenho foto publicada em jornal sem crédito, então fica aqui o meu apelo aos jornalistas: coloquem os devidos créditos para os fotógrafos.

Segue abaixo uma sequência de foto ruim de celular. Tem a foto da passagem do trem que a Manu pegou em 2014 para ir para Kramatorsk, no leste da Ucrânia, e o processo de pintura da camiseta que ela está vestindo na foto acima. Eu avisei que eu podia provar, não avisei?

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Outra pessoa que vem dando muitas entrevistas é a Olena, que eu conheci graças a este amado espacinho virtual. Ela apareceu neste post, quando fizemos uma visita guiada na casa onde morou o ex-presidente da Ucrânia, Víktor Yanukóvytch. Indiquei a Olena para um jornalista da Globonews que entrou em contato comigo porque encontrou meu blog. Ainda bem que a entrevista que ela deu foi ao vivo. A Manu agora só dá entrevista se for ao vivo também.

A imprensa internacional é muito mais competente quando o assunto é leste europeu e já aprendeu a identificar a propaganda russa há muito tempo. Então, se você realmente quer acompanhar esse assunto, esqueça a imprensa brasileira. Se você não entende inglês, use o google translate.

Esse é um assunto que me faz perder o sono, literalmente. Acho que agora deu pra entender melhor a montanha-russa de emoções que estou vivendo. Até “especialista em geopolítica” foi encher meu saco no instagram. Passo raiva, passo muita raiva e estou cansada. Estava planejando ir para o Brasil nesse semestre, mas até mudei meus planos porque não quero ter que lidar com ninguém vindo dar opinião sobre assunto que não entende. Tive que escrever esse post pra ver se esse assunto sai da minha cabeça e eu consigo dormir direito.